Nosso articulista invoca Drummond para saudar o novo presidente eleito do Brasil.
E agora, Jair?
A eleição terminou,
A festa acabou,
A luz apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou.
E agora, Jair?
E agora, você?
Você que é nome,
Você que é presidente,
Você que é líder da gente,
Que é esperança,
Que é meio,
Que é fim.
E agora, Jair?
Está com discurso,
está com poder,
está com o povo,
já não pode falhar.
E agora, Jair?
Sua forte palavra,
seu grande caráter,
sua marcante retórica,
seu pensamento pátrio,
sua vontade de acertar,
seu compromisso de expurgar.
Seu instante de glória,
Sua gula pelo certo,
Seu jejum do errado,
seu jejum do perverso,
seu jejum do atraso.
Jair, e agora?
Sua determinação,
sua vontade,
sua raça,
seu comprometimento.
E agora?
Sua compenetração,
seu máximo cargo.
Não veio a fraude,
o temor se foi,
o Brasil renasceu,
o povo heróico se iluminou,
o brado retumbou.
Se te mal desejarem,
se te traírem,
se te conspirarem,
se te torcerem contra,
se te invejarem,
se te cansarem,
você não morre.
Você é duro, Jair!
“Sozinho no escuro,
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua,
para se encostar,
sem cavalo preto,
que fuja a galope”,
você venceu, Jair!
Jair, para onde?
Para a glória, Jair!
PS: Ao incomparável Carlos Drummond de Andrade, pela inspiração a este texto.
*Carlos Eduardo Leão é médico e cronista
test
