O sofrimento vivido nos últimos 16 anos valeu cada minuto pelo desfecho épico do primeiro dia de 2019.
Este texto poderia ter sido escrito ontem. Mas preferi hoje para sorver em todas as mídias, nacionais e de além-mar, os “headlines” em maiúsculas, sobre o novo presidente do Brasil. Sorver os bons e maus comentários, as boas e más opiniões, os pareceres mais otimistas e os mais pessimistas, as previsões alvissareiras e apocalípticas.
Como faz bem o contraditório. Nesse caso, em especial, refrigera a alma. E Deus novamente se fez presente com esse presente. “Ele escreve certo por tortuosas linhas”, máxima popular dos crentes que explica tão bem que o sofrimento vivido nos últimos 16 anos valeu cada minuto pelo desfecho épico do primeiro dia de 2019.
Não há revanchismo nesse texto. Não há espaço para ódio ou outros sentimentos rasteiros no meu coração. Não há a sordidez do tripúdio que nos nivela aos baixios patamares das sarjetas. Apenas um desabafo que, acredito, faça parte dos que, como eu, também se posicionam mais à direita no espectro dos ideais políticos do mundo contemporâneo.
“O homem agradecido é um homem probo”, profetizava Platão nos Jardins de Academus para discípulos ávidos.
Sem maiores pretensões, sigo mais esta máxima com o meu muito obrigado aos políticos de pensamento contrário pela incompetência politico-partidária que nos enganou a todos por algum tempo. Esqueceram-se de mais uma máxima que rege a humanidade desde Adão, Eva, maçã e serpente: “Ninguém engana a todos o tempo todo”.
Muito obrigado pelos ensinamentos que nos deram do quanto é pérfida a corrupção assassina e permitir que entendêssemos de uma vez por todas o quanto são retrógrados os pensamentos socialistas e comunistas, incluindo-nos irreversivelmente na irretorquível teoria de que quem leu Marx é socialista e quem porventura o entendeu, e aqui me incluo, é capitalista.
Agradecido estou por eles nos mostrar o desserviço da doutrinação partidária nas escolas e universidades, o perigo da ideologia de gênero, a irresponsabilidade com a saúde e segurança e o torpe aparelhamento do Estado com ramificações malignas em todos os setores da administração pública, inclusive e infelizmente na imprensa e nos organismos de pesquisa que, pasmem, noticiaram, dia seguinte à posse, que “Otimismo com novo governo é o menor em 1° mandato desde 1989”. Enganam-se os que pensam ser a cólica renal a pior das dores. A dor de cotovelo é mais doída e muito mais sofrida.
Gratíssimo me sinto à horda de beneficiados pela controversa e deturpada “Rouanet” que ajudou o povo a desvendar seus olhos para quem de fato foram os aproveitadores dessa inversão de valores na cultura e, com muita pena, esses mitos de outrora estão, hoje, desmistificados pela própria insensatez, entregando de bandeja o seu lugar no coração popular a um novo mito que promete o fim desse escárnio que nós, ex-fãs, presenciamos tristes e desapontados.
Às velhas raposas políticas, trapaceiras e aproveitadoras, pelas suas frases de efeito como “Lula tá preso, babaca” ou o não cumprimento de promessas sobre vídeos devastadores que comprometeriam o novo presidente, meus sinceros agradecimentos pelo descrédito abissal que angariaram pela traição a velhos companheiros, demonstração cabal do oportunismo eleitoreiro, sórdido e ultrapassado.
Meu agradecimento a Deus pela sabedoria que nos deu como povo e nação, pela capacidade que nos proporcionou em discernir e entender sobre o fato de que “a pior das opressões não é aquela que aprisiona o homem pela força, mas pela fraqueza, fazendo-o sentir-se refém de suas próprias necessidades”. Obrigado por nos acordar e não nos deixar enganar sobre o #elenão, misógino, machista, homofóbico, extremista e violento. E muito obrigado pelo Adélio ser tão ruim de pontaria.
Passou. Acabou. Amadurecemos. Aprendemos. Valeu. Vida que segue. Sem rancores. Por nós. Pela paz. Pela pátria. Feliz Ano Novo!
*Carlos Eduardo Leão é médico e cronista