Mãe é o único fenômeno humano que explica o inexplicável. Qualquer similitude com o conteúdo desse texto é mera coincidência.
Se por um acaso do destino esse texto chegar às mãos do Presidente ele poderá fazer mil conjecturas. Uma delas, bem ao seu estilo, poderia ser “Eu, mãe? Tá me estranhando, cara?” Mas vou tentar explicar, nos versos de Drumond, porque lhe felicito. “Mãe não tem limite / é tempo sem hora / luz que não apaga / quando sopra o vento / e chuva desaba / veludo escondido / na pele enrugada / água pura, ar puro / puro pensamento”.
Nos meus versos, infinitamente aquém desse patrimônio literário de Minas, “Mãe” é um ser que transcende ao entendimento humano. “Mãe” é a personificação do amor maior, a sublimação do perdão e a materialização da paciência contra as agruras, desinteligências e malcriações de filhos, algumas vezes desestruturados, ingratos e pervertidos. “Mãe” não os distingue. Ama-os do mesmo jeito. Agarra-se à esperança de corrigi-los pela força do amor, da verdade, e do exemplo. Mãe é o melhor remédio para todas as idades.
Nos versos do meu saudoso avô materno, Mãe é o ser de maior saco do mundo.
Em comparação com a “Mãe” de Drumond, a paciência do Capitão não tem limite e se confunde com a dela. Poucos nesse mundo aguentariam as ferinas saraivadas diuturnas de calúnias, críticas infundadas, altamente levianas e mentirosas. Impressionante como sua luz não se apaga quando sopra o vento, verdadeiros vendavais gerados nas redações tendenciosas por parte de uma imprensa que envergonha o Jornalismo imparcial, tão essencial à prática democrática.
E tá que desaba chuva e o cara, de marquise em marquise, vai se protegendo como pode. A história do churrasco, uma brincadeira despretensiosa que assisti ao vivo, numa clara tentativa de desanuviar uma pouco a morbidez dos tempos, chegou ao Supremo como “irreverência mil”, uma afronta aos mortos pela virose maldita. Singrar o Paranoá de jet-ski que, para homens de boa vontade soa como terapia para revigorar corpo e mente para o retorno às batalhas cotidianas, é, para a extrema imprensa, um soco na cara dos enlutados cujo presidente deveria estar caminhando, cabisbaixo, triste e compassado pelos arredores do Alvorada, usando um chapéu-coco e trajando luto ao melhor estilo Carlitos.
Somente as “Mães” do meu avô, aquelas com saco maior do mundo, sublimam a hipocrisia ou qualquer outro embuste humano . Segundo o plural Rodrigo Constantino, em 2018, morreram POR DIA 3507 brasileiros, dentre os quais, em torno de 1/3, devido ao H1N1, de 2009, que continua matando essa quantidade de gente até hoje. Nem por isso exigiram de Lula, Dilma e Temer qualquer luto, bandeira a meio-pau, cancelamento de Carnaval, shows e muito menos o salutar hábito daquela senhora que revigorava suas forças sobre o selim de bikes que circundavam seu palácio. Bike pode, Jet-Ski, não.
Descer a rampa famosa, seguir a pé até o outro lado da Praça em direção ao STF, com uma comitiva desesperada pelo emprego, portanto, contra a fome e a morte iminente que ela causa, serviu para charges diversas de genocida, insano e assassino. De nada adianta mostrar outras experiências internacionais de relaxamento responsável de quarentenas. Há uma orquestração malévola de se quebrar o país e inviabilizar o timoneiro.
Será que de nada vale o choro de Joões, Marias e Clarisses pela volta de um Brasil à uma realidade paulatina e responsável? Joões, Marias e Clarisses também choram, juntos com a pátria mãe gentil, por tanta gente que partiu pelo micróbio impiedoso, mas sabem que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente. Há uma esperança equilibrista e séria para que o show da vida possa continuar.
Por Drumond, por Aldir, por mim e pelo meu saudoso avô Antenor, desejo-lhe um Feliz Dia das Mães, muito embora ciente de que a teoria de vovô, pouco ou nada erudita, combine mais com você e com o seu momento. Paciência!
Abraço forte!