Paciência é uma virtude mas tem o seu limite. Não é prudente desafia-la.
“Caguei” é uma expressão redentora. Não existe nada, nada, nada mais libertário, latu sensu, do que o “Caguei” ou da sua mais espetacular metamorfose, “To cagando”. Tanto uma como outra alivia. É definitiva e inexorável! Encerra a questão. É um ponto final glorioso. “A CPI mandou uma carta pra mim! Sabe o que eu respondi? “Caguei”! “Caguei” pra CPI! E quando dito assim, duas vezes seguidas, nota-se felicidade e uma impagável sensação de liberdade de seu autor.
“Caguei” ou “To cagando” ditos na hora H alinham as células do cérebro, concatenam o pensamento, norteiam o raciocínio e amenizam as mais primitivas sensações que um ser humano pode ter frente a determinadas frases, fatos e atitudes a ele impostos, geralmente nada ortodoxos, nada republicanos mas sempre e invariavelmente ferinos, agressivos, mentirosos e, sobretudo, irresponsáveis.
A diuturnidade dessas desinteligências é implacável e muito nociva à uma das mais extraordinárias virtudes humanas, a paciência. E quando ela está no limite da exaustão outra variante do “Caguei”, o “To cagando e andando” aparece soberano, altivo e de uma sonoridade que emociona. “Lula me vence no 1º turno. Haddad e Ciro me vencem no 2º turno. “To cagando e andando” pra essas pesquisas. Se não houver fraude, tudo bem!” Entendem agora o significado de pacatez aviltada? Não há ser vivo que resista a tanta implicância e baixaria.
Luís Fernando Veríssimo, em quem me inspiro para este texto, sentencia que “os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia”.
Como médico digo até que, se os “palavrões” proferidos em determinadas circunstâncias diminuem em proporção inversa os níveis de stress, de aperto no peito e de angústia, eles estão sublimados. Entretanto, tudo isso está na esfera das observações clínicas que, na prática mundana, tem mostrado total eficácia. Falta ainda a comprovação científica como exige nossa milenar Medicina. Qualquer semelhança com aquelas famosas “drogas proibidas” pelos doutores do Congresso, da Suprema Casa e do 4º poder, em relação ao implacável micróbio de Wuhan, é mera coincidência.
A cada palavrão, a cada ato de duvidosa ortodoxia e a cada postura pouco litúrgica, o PR se aproxima ainda mais do povo, cansado dos almofadinhas das calças apertadas, dos discursos emproados, dos gestos forçados, das atitudes antidemocráticas e de passados inconfessáveis. Impressionante como tudo tem se voltado contra aqueles que professam o mal, arquitetam a discórdia e constroem narrativas de teores impensáveis. O “Deus acima de todos”, mil vezes repetido com tanta fé e esperança, tem feito a diferença neste país tão ameaçado por forças vis.
O que temos assistido na esfera política tem deixado até o Criador em dúvida sobre onde chega tamanha desfaçatez, descompromisso e imperdoável omissão de líderes daqueles outros dois Poderes e da incompreensível postura da mídia extrema, hoje chafurdando nos excrementos que cobrem a sarjeta onde moram.
Todos conhecemos o PR. Papas na língua e sangue de barata passam longe de sua marcante personalidade. Bolsonaro é povo. Fala a sua língua. Tem a liberdade como alvo. Conhece o
caminho para atingi-lo e está no caminho junto aos seus liderados.
Portanto, caro presidente e caros leitores, permitam-me uma pequena descompostura e perdoem-me por ela: continue cagando e andando pra essa turma, PR. É o que ela merece.