Privar o homem de sua liberdade é roubar-lhe dignidade, honra e esperança.
Era uma vez, um lobo e um cão. Fortuitamente encontraram-se numa bela trilha que cortava uma verdejante floresta, lindamente iluminada por um incomparável sol de domingo e logo ensaiaram um prosa.
“Companheiro, você está com ótimo aspecto: saudável, bonito, vistoso. E esse pêlo tão lustroso? Estou até com inveja!”, disse o lobo num misto de admiração e momentânea invídia. “Ora, faça como eu…”, respondeu o cão. “Arranje um bom amo. Eu tenho comida na hora certa e sou muito bem tratado. Minha única obrigação é latir à noite quando aparecem ladrões. Venha comigo e você terá o mesmo tratamento.”
O lobo achou ótima a ideia e se puseram a caminho. De repente, o lobo reparou numa coisa. “O que é isso no seu pescoço? Parece um pouco esfolado…”, observou o astuto caçador. “Isso é da coleira, amigo! Durante o dia meu amo me prende com uma coleira para eu não assustar as pessoas que vêm visitá-lo.
E o lobo, decepcionado, despediu-se do amigo ali mesmo: “Tô fora, velho!”, disse ele. “Prefiro minha liberdade à sua fartura”.
… e assim a liberdade continua contada, cantada e encantada. Seja em fábulas, prosas, versos, ritmos, credos e canções, a liberdade, segundo Aristóteles, “é a sagrada capacidade do homem de decidir-se a si mesmo, escolhendo sempre entre alternativas possíveis na mais legítima decisão de um ato voluntário”. Portanto, como diz Sartre, “o homem está condenado a ser livre e é a partir dessa condenação à liberdade que ele molda seu caráter e sua dignidade.”
Em 15/3/1983, ouviram do Palácio da Liberdade às margens plácidas da Praça homônima um brado retumbante: “O primeiro compromisso de Minas é com a liberdade”. Era Tancredo fazendo ecoar sua voz serena no seu discurso de posse que, até hoje, ressona entre os mineiros, emociona os brasileiros, revive Tiradentes e inspira compositores às mais belas canções como “Liberdade!, Liberdade! Abre as asas sobre nós, e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz”.
É o que quer o Brasil, meus caros. Nada além disso. O cerceamento de direitos, a mordaça na livre expressão, a claudicação do ir e vir, a voz abafada, o peito aprisionado, a ascensão do desmando, o crescente da injustiça, o flerte improvável com o comunismo, o descompromisso com a informação e o levante de corruptos destroem a liberdade e fomentam a servidão.
Quando setembro vier, virá também a esperança de um novo grito de mesma importância daquele, há muito, ouvido ao longo do Ipiranga. O “Grito da Paulista” certamente ecoará pela Terra e mostrará aos outros homens do mundo a força de um povo heroico na luta pela sua liberdade. A retumbância desse novo brado será a confirmação de que o homem livre é dono dele mesmo e de suas ações pela independência de seu povo.
“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter ao jugo da escravidão”. (Gálatas 5:1)
Nos veremos naquele famoso dia de setembro. Até lá!