“Transvacinados” pedem licença e querem ser respeitados como outros “Trans” da vida.
É nisso que dá, gente! “Pau que dá em Chico, dá em Francisco” seria perfeito. “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” corre por fora com chance real de se enquadrar ao movimento, pois seria a hora do troco pelos que se sentiram agredidos por situações semelhantes. “Cutucar a onça com vara curta” está no páreo já que a situação incita sentimentos de revolta.
Esses tradicionais ditados de nossa cultura popular caem como uma luva à minha fonte de inspiração a este texto, um “Reels” de @allandossantosbr, já com milhares de visualizações, comentários e “likes”, que reproduz a entrevista de uma mulher negra, articulada, retórica convincente e muito decidida em suas convicções sobre, segundo ela, um novo movimento mundial, os “Transvacinados”. Já existe algo na Internet a esse respeito e já mereceu um vídeo impagável do canal Hipócritas sobre o tema.
Na referida entrevista a simpática protagonista explica que Transvacinado é o cara que se sente vacinado num corpo não vacinado e afirma que esse movimento está no mundo todo, em especial nos EUA, Espanha e França. Por se sentirem vacinados mesmo com o corpo não vacinado, exigem respeito sobre essa visão de se sentirem imunizados num corpo saudável como são respeitados, mutatis mutandis, outros tipos de trans, totalmente inseridos na sociedade. E ai daqueles que os desrespeitarem!
Na sua última live, Bolsonaro leu um assustador e improvável PL que tramita no Senado Federal que chocou a população. Uma proposta de alteração do Código Penal Brasileiro na seguinte resolução. “Omitir-se ou cotrapor-se à vacinação obrigatória: Pena de 1 a 3 anos de reclusão”. “Deixar de submeter-se à vacinação obrigatória em situação de emergência de saúde pública: Pena de 2 a 8 anos de reclusão além de multa”, cabendo a decisão aos governadores e prefeitos.
Não se conhece na história da humanidade nenhuma pandemia que se curou através de uma vacina. Mesmo porque vacina não é remédio. A cura vem com a imunidade de rebanho e, após isso, surge a vacina. A vacina que demorou menos tempo para ser, com segurança, entregue ao público foi a da Caxumba, 4 anos.
Medicina é uma ciência dinâmica dada à sua extraordinária evolução. Mas existem conceitos pétreos, destarte imutáveis como o inarredável respeito à pesquisa e à vida, sempre dentro de rígidos preceitos éticos e científicos.
Medicina é algo suprapartidário, acima das narrativas de ideologia política. Todas as vidas importam. Todas as vidas perdidas são lamentadas. Mas as estatísticas mostram, felizmente, a baixa letalidade e mortalidade desse vírus por milhão/habitante. Estatística é um pilar mestre da ciência e deve ser olhada da forma exigida pela ética e respeito à vida. Algo inatingível por mentes inconsequentes que habitam o corpo de alguns legisladores dessa esquerda que infecta o mundo.
Está comprovado que crianças, adolescentes e grupos especiais podem tomá-las sem risco calculado? Está comprovada ausência de complicação ou sequela tardia? Está comprovada a eficácia perene de defesa? Está justificada essa obrigatoriedade para uma doença de letalidade tão baixa? Está justificada a cadeia pra quem não concorda com algo ainda empírico? Tudo estaria justificado diante de uma letalidade implacável. Mas está muito longe disso.
Como médico, jamais seria e nem poderia ser um anti-vacinista. Sou apenas um ferrenho defensor da liberdade e individualidade de escolhas e decisões de cada cidadão.
Onças nascem cegas. Somente após os primeiros meses de vida começam a enxergar. São animais pacatos até serem ameaçados quando se tornam um dos mais violentos da espécie animal. Não devem ser cutucadas com vara curta.
E por falar em onça, o PR, já enxergando e com coragem, defendeu a Medicina brasileira perante o mundo e a nossa liberdade de atuação como profissionais sérios e zelosos com seu povo.