Para desespero dos amorais e aproveitadores que querem manter o país em eterna sonolência.
“Deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e a luz do céu profundo” é uma frase que nos persegue. Para os arautos do apocalipse, ela remete a uma rede estendida entre dois coqueiros, uma caipirinha, uma brisa gostosa, uma preguicinha básica e um par de “havaianas” à espera de quem não quer se levantar. Pra que? Tá tão bom assim! E a pátria sonolenta continua embalada no discreto vai-vem da rede que aconchega.
O sono repousa o cérebro que pára momentaneamente de pensar. Em outras palavras, ele descansa. Não há raciocínio durante o sono. Portanto, estamos inertes. Somos mortos vivos, respirando. É um coma fisiológico. Não vemos, não ouvimos e não falamos. A diferença é que acordamos, levantamos e seguimos com a vida.
O sonho de alguns políticos brasileiros é que a famosa frase, seus desdobramentos interpretativos e a sonolência fisiológica prevaleçam sempre sobre a maioria do povo. Manipular “sonolentos” é de uma facilidade abissal. O “sonolento” é o bobo que encontra o esperto diariamente. Manter, portanto, a “sonolência” do povo é a meta dos descarados, dos aproveitadores, dos amorais.
Mas, como tudo na vida, a pátria cansou daquela rede à beira mar. No último dia 8 de outubro, inesperadamente para alguns, levantou-se, deu aquela clássica espreguiçada, correu para o mar e saltou para aquele tradicional mergulho olímpico. A água fria revigora. Liberta-nos daquele torpor causado pelo sono. E aí, meus amigos, quando a pátria se depara com aquele verso “Verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adora, a própria morte”, sai de baixo.
O Brasil acordou como nunca. Cutucaram muito a onça. Brincaram com fogo. Este incrível país é assaltado, roubado, mal tratado, enganado, explorado desde o dia que Santa Maria, Pinta e Nina lançaram suas âncoras na Bahia. E, milagrosamente, continua de pé com “teus risonhos e lindos campos ainda floridos, bosques ainda vivos”. Mesmo vilipendiada a “pátria continua sendo aquela super mãe gentil dos filhos nascidos nesse solo”.
O Brasil acordou, gente! Não tem mais volta. E isso pra nós soa como “um sonho intenso. Um verdadeiro raio vivido de amor e de esperança”. Aos que me leem, convido-os a contemplarem o céu no próximo dia 28, à noite. Tenho a mais absoluta certeza que nos depararemos com “um céu formoso, risonho, límpido com aquela extraordinária imagem do Cruzeiro resplandecendo sobre a liberdade, a ordem e o progresso, esses mesmos que “desafiam o nosso peito até a morte”. E não adianta dizer o contrário: Entre outras mil, é você Brasil, a nossa terra amada.”
Que a consciência pátria norteie nosso voto.
PS: A Joaquim Osório Duque Estrada (in memorian) meus agradecimentos pela inspiração a este texto.
*Carlos Eduardo Leão é médico e cronista