Todo aquele que não reza na cartilha de Lula, Dilma, Boulos, Ciro e outros da laia, é fascista.
Há alguns anos, publiquei na revista Domtotal um texto sobre a palavra “fascismo”, super em voga à época da campanha que elegeria Trump, tido e havido pela esquerda americana como um tirano fascista. De lá pra cá, “fascismo e fascista” não caem de moda. Viraram clássicos atemporais como são a Porsche 911, a bolsa Chanel, o perfume Allure, o rifle Winchester, o filme E o vento levou, entre tantos. Com uma pontual diferença, “by the way”: esses ícones jamais foram deturpados ou mal interpretados.
Lembro-me bem que no texto evoquei o genial Paulo Gracindo, incorporado no inesquecível personagem Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia Sucupira no saudoso folhetim global “O Bem Amado”. Odorico repetia, toda vez que era contrariado pela oposição, a frase “A inguinorança é que astravanca o pogresso”, pérola que se tornou um marco na dramaturgia brasileira.
Como a arte imita a vida, a ignorância realmente atravanca o significado da palavra “fascismo” e cai como uma luva à essa introdução. No Houaiss, “fascismo” é dado como um substantivo masculino que representa um movimento ou regime político e filosófico que se baseia no despotismo, na violência, na censura para suprimir a oposição, caracterizado por um governo antidemocrático ou ditatorial.
Bem ao estilo “ouviu o galo cantar mas não sabe onde” esta palavra está literalmente “na boca de Matilde” sendo “Matilde” a fiel representante da esquerda e de grande parte da extrema imprensa, nocivos, até à alma, aos ideais republicanos e pátrios. Madelaine Albright, ex-secretária de estado do presidente Clinton, conceitua bem o fascismo e isentou Trump, quem diria, da pecha fascista afirmando que ele, ao contrário do que prega a doutrina, não usa a violência contra o seu povo nem dá mostras de que pretende controlar tudo. Mostra-se o inverso, um ferrenho defensor da “América para o americano” e um liberal conservador que implementou um crescimento econômico sem precedentes na história yankee recente.
“Fascimo” é, provavelmente, um dos conceitos mais repetidos e pouco ou nada compreendidos na história dos dicionários políticos. Se, por acaso, alguém que me leia nesse momento não gostar do que está lendo, muito possivelmente serei taxado de fascista. George Orwell condenava o fascismo a uma palavra quase inteiramente sem sentido e que qualquer inglês aceitaria “valentão” como sinônimo. Já Stanley Payne, reconhecido historiador do fascismo, sentencia que “fascismo permanece sendo, provavelmente, o mais vago dos termos políticos mais importantes”.
Hoje, os maiores “fascistas” brasileiros são, sem dúvida, o Presidente, seus seguidores, apoiadores e, segundo a mídia perversa, seus eleitores. Os ANTIFAS, seriam seus inocentes e delicados opositores patriotas, democráticos, vestidos de preto, mascarados, armados de paus, pedras, canivetes e alimentados por suculentas mortadelas que lhes conferem força destrutiva. Resumindo, “fascismo” é uma espécie de insulto político a qualquer figura opositora aos ideais de esquerda.
Prefiro ficar com o conceito de Albright de que essa doutrina, nascida na Itália nos idos de 1922, caracteriza-se pela violência de líderes contra os ideais individuais de civilidade e a necessidade do total controle e aparelhamento do estado. A esquerdalha, derrotada e sem alvo, passa a procurar obstinadamente algo ou alguém que consiga destruir o pensamento conservador em escalada vertiginosa mundo afora. O fracasso das esquerdas no poder faz uso dessa narrativa e o grande desafio do século 21 será evitar essa tentação, propondo uma nova forma de lidar com a questão sem trazer de volta a nefasta narrativa da figura de um pai todo-poderoso e nem cair na falácia contemporânea de que apenas o indivíduo vale a pena abrindo mão dos laços sociais de família, educação e civismo.
Fascismo é não termos hospitais e o povo morrendo em filas do SUS. Fascismo é não termos escolas e educação básica de qualidade. Fascismo é não termos segurança. Fascismo é o desemprego ainda mais galopante por quarentenas insanas sem comprovação científica. Fascismo é a fome. Fascismo é a demonização da Hidroxicloroquina. Fascismo são artistas, outros tantos intelectuais e grande parte da imprensa podre aplaudindo e apoiando interferências e atos autoritários da suprema justiça. Fascismo é desarmar o povo e deixá-lo escravizado. Fascismo é a corrupção. Fascismo é mordaça ao direito de livre expressão. Fascismo é a torcida diuturna e cafajeste contra um líder que quer o bem do seu povo e pátria.
Nessa ordem de ideia, sou fascista aos olhos da esquerda. Muito embora inaceitável, é compreensível se levarmos em conta a teoria de Odorico.