Que o “hipócrita” é uma entidade em ascensão no mundo, não tenho nenhuma dúvida. Na política, então, nem se fala. O hipócrita nada mais é do que um ator interpretando a conveniência. É aquele cara que, ao acordar pela manhã, reza pelos filhos, pede ao santo que os proteja de todo mal, sai para votar e vota em Lula, esse mesmo que defende o aborto, a ideologia de gênero, a liberação das drogas e aquele inofensivo jovenzinho que rouba um celular e mata para tomar uma cervejinha.
Se eu fosse esse santo, materializava-me, batia no ombro desse imbecil e falava: “Filhinho, vai ser hipócrita assim “na prostituta que lhe deu a luz!” Isso porque sou eu o santo e educado. Se fosse outro, certamente falaria “na puta que pariu” mesmo.
É a mesma coisa do cara sair de casa, fechar a porta da rua com três voltas na fechadura, a garagem com tetra-chave e duas barras de aço, ligar a cerca elétrica além de acionar o mais sensível dos alarmes israelenses. Ao chegar em sua Zona Eleitoral, trancafia seu carro, aciona o alarme e vota no mesmo gatuno perdoado. Se por acaso rezou antes de sair de casa, certamente aquele santo estará lá e lhe dirá o mesmo.
Que vontade de ser o santo das suas preces, Amoedo. Antes de proferir o mesmo mantra acima descrito certamente o parabenizaria pela sua coragem de desapontar uma legião de apoiadores, todos atônitos e incrédulos por tamanha desfaçatez e descompromisso com a honra ao apoiar um homem que personifica a vergonha. Quanta esperança você trouxe pela sua crença no Novo, no diferente, no moderno e no ineditismo de uma política proba num milênio promissor. A que ponto chega a hipocrisia, né João? Você destruiu a sua história ao subestimar a máxima de Lincoln de que não se pode enganar a todos o tempo todo. Triste fim!
E o Alckmin, gente? O que deu nesse gajo? Passou a ser uma triste mistura de despudor com mentira e se transformou numa melancólica encarnação de um xuxu hipócrita. Como consegue fitar os parentes mais chegados, os amigos, os correligionários? Como consegue conviver com os seus vídeos, diuturnamente expostos nas redes, com posições totalmente opostas às que hoje professa enaltecendo o seu maior desafeto político? Mas fique tranquilo, Geraldo. Nenhum santo teria coragem de materializar-se para dizer-lhe as verdades que merece. Seriam expulsos do paraíso.
A hipocrisia do CPX é a bola da vez, ou melhor, o boné da vez. Se “complexo” ou “cupincha”, o que importa é que o boné é usado pelos cupinchas do complexo, onde pouquíssimos “felizardos” transitam livres, leves, soltos e, principalmente, ilesos, exibindo, com orgulho, um adereço que significa coragem que parcos brasileiros têm.
Estamos há alguns dias de nos livramos das incoerências que, até sem querer, tornam muitos de nós hipócritas. Não se trata mais de sermos bolsonaristas ou não. Trata-se de sermos brasileiristas. Aquele pedido de perdão do PR aos brasileiros insatisfeitos por algumas palavras pouco ortodoxas a um estadista, mostra a grandeza de espírito de um patriota. Já o adversário não teve a mesma honradez. Explica-se: não há perdão para pecados mortais.
Em tempo: Quanto atribuir ao PR canibalismo e pedofilia foge ao escopo “hipocrisia”. É canalhice mesmo. E sobre esse tema minhas tradicionais 580 palavras por texto não dão nem pro cheiro.