Não percamos a fé! Ele ainda virá trazendo a esperança que tanto precisamos. Só está atrasado.
… e você acabou não vindo mesmo, Papai Noel. Esperamos na noite do dia 24 e nada. Ontem, o dia inteiro e nada. Fui dormir com a esperança de acordar com uma marca de sua passagem, e nada. Sinceramente? Acho que você está apenas atrasado. Mais dia menos dia, você vai dar as caras.
Atraso mais que justificado. A coisa aqui não tá pra peixe. Além de você se enquadrar no grupo de risco, há quem diga (na esquerda, claro!) que o micróbio está no ar, tem asas, voa e poderia perfeitamente contaminar suas lindas renas. Mesmo que não fossem afetadas haveria alguém do PSOL que entraria com denúncia no STF afirmando que elas seriam portadoras sãs mas que poderiam nos transmitir.
Acho também que você teria muita dificuldade de reconhecer quem era quem. Fomos todos iguais nessa noite, na frieza de um riso escondido por máscaras improváveis, na certeza de um sonho acabado ou, pelo menos, adiado. Foi o circo de novo, armado pelos mesmos insanos de sempre, arautos de uma “preocupação faz-de-conta” que não nos engana mais.
Talvez você tenha priorizado lugares e países menos insalubres, menos imorais, menos rasteiros, menos oportunistas para levar, até eles, toda a magia e encantamento do Natal que, até agora, não tivemos. Aqui, os metrôs, linhas de ônibus, aviões e trens, que se abarrotam diariamente por nossa gente sofrida, são imunes ao vírus. De tão cheios, não há espaço físico para os micróbios. Revoltadas, estas microcriaturas resolveram então se aboletar nos lares natalinos e atacar pessoas que desobedecessem as ordens dos lockdowns inconsequentes e ariscassem um abraço de amor, de aconchego, de fé e, sobretudo, de esperança.
E fomos todos iguais nessa noite, Papai Noel. Ensaiados diariamente por um drama real, com medo da chuva e da lama, vivendo debaixo do pano de um circo fétido orquestrado pelo truque malfeito de políticos inconsequentes e pelo chicote doído dos domadores da Constituição.
Mas você ainda vai chegar, Papai Noel. Não importa se atrasado. Quando estiver se aproximando ouvirá o rufar de nossos tambores e o nosso pedido para que a banda toque um dobrado de esperança e nos faça voltar ao picadeiro da vida onde, novamente felizes, nos abracemos entre espadas e rodas de fogo que refletirão as luzes e a dança das cores.
Onde estão os atores? Somos nós os atores, Papai Noel! Nós é que escrevemos a peça. A inspiração do texto, sua força e seu poder emana de nossas cabeças e só nós determinamos o enredo do circo. Nossos políticos, legisladores e guardiões das leis, são nossos coadjuvantes no picadeiro e ai deles qualquer deslize que ponha em risco a credibilidade de nossa arte.
Vamos entrar mais uma vez. Não tenha dúvida. Temos fé, cremos na força inabalável da família, da moral e dos costumes. Somos amantes da ética e apaixonados pela pátria. Temos um líder determinado e um alvo claro. Estamos no caminho para atingi-lo. Sabemos que no meio do caminho tem uma pedra. Tem uma pedra no meio caminho. Mas, com brasileiro não há quem possa!
Estamos te esperando, Papai Noel. Não ficaremos com ciúmes se passar primeiro no Ivan Lins, no Drumond e no Funk’n lata.
Beijos, meu bom velhinho!
