Fascismo é talvez a palavra mais erroneamente usada no vocabulário político.
“A ingnorância é que astravanca o pogresso”, repetia o grande ator Paulo Gracindo incorporado no personagem “Odorico Paraguaçu”, prefeito da fictícia cidade de Sucupira da famosa novela global “O Bem-Amado” de Dias Gomes. Toda vez que era contrariado pela oposição, Odorico saia-se com essa pérola que se tornou um marco na dramaturgia brasileira.
Como a arte imita a vida, a ignorância realmente atravanca o progresso. E a palavra “fascismo” cai como uma luva à essa introdução. No Houaiss, fascismo é dado como um substantivo masculino que representa um movimento ou regime político e filosófico que se baseia no despotismo, na violência, na censura para suprimir a oposição, caracterizado por um governo antidemocrático ou ditatorial.
Bem ao estilo “ouviu o galo cantar mas não sabe onde” esta palavra está literalmente “na boca de Matilde” sendo “Matilde” a fiel representante daqueles que se posicionam à esquerda no espectro político brasileiro. Outras republiquetas de mesma ideologia da nossa não ficam muito atrás. Nas páginas amarelas da tendenciosa “Veja”, o contraponto vem com a entrevista da octagenária Madelaine Albright, ex-secretária de estado do presidente Bill Clinton. Ela conceitua bem o fascismo e isenta Donald Trump da pecha fascista afirmando que ele, ao contrário do que prega a doutrina, não usa a violência contra o seu povo nem dá mostras de que pretende controlar tudo.
Seguindo o pensamento do colunista Rodrigo da Silva, fascismo é, provavelmente, um dos conceitos mais repetidos e pouco ou nada compreendidos na história dos dicionários políticos. Se, por acaso, alguém que me leia nesse momento não gostar do que está lendo, muito possivelmente serei taxado de fascista. George Orwell condenava o fascismo a uma palavra quase inteiramente sem sentido e que qualquer inglês aceitaria “valentão” como sinônimo. Já Stanley Payne, reconhecido historiador do fascismo, sentencia que “fascismo permanece sendo, provavelmente, o mais vago dos termos políticos mais importantes”
Hoje, os maiores fascistas brasileiros são, sem dúvida, o juiz Sérgio Moro, o governador João Dória, e, principalmente, o capitão Jair Bosonaro. A Lava Jato e o MBL são, irremediavelmente, braços fortes do fascismo. Resumindo, fascismo é uma espécie de insulto político a qualquer figura opositora aos ideais de esquerda. Fascismo, diria Odorico Paraguaçu, é a “ingnorância que astravanca o pogresso”.
Prefiro ficar com o conceito de Mrs. Albright de que essa doutrina, nascida na Itália nos idos de 1922, caracteriza-se pela violência de líderes contra os ideais individuais e a necessidade do total controle e aparelhamento do estado. Portanto, meus amigos, desfio a seguir um rosário de violência contra o nosso povo o qual, muito pessoalmente, denomino “fascismo”. Fascismo é não termos hospitais e o povo morrendo em filas do SUS. Fascismo é não termos escolas e educação básica de qualidade. Fascismo é não termos segurança. Fascismo é o desemprego. Fascismo é a ideologia de gênero nas escolas para crianças de tenra idade. Fascismo é a utilização do “kit gay” como forma de educação sexual no ensino fundamental. Fascismo são artistas, outros tantos intelectuais e grande parte da imprensa aplaudindo e apoiando um partido que nos saqueou dinheiro, honra e esperança. Fascismo é um presidiário ditando regras de dentro do cárcere com a complacência de um dos mais importantes poderes da república. Fascismo é desarmar o povo e deixá-lo vulnerável em sua legítima defesa. Fascismo é a corrupção.
Nessa ordem de ideia, sou fascista aos olhos da esquerda. Por essa ótica, com muito orgulho, diga-se de passagem.
*Carlos Eduardo Leão é médico e cronista