7 da manhã, Thaïs, mulher desse cronista e colecionador, me envia um WhatsApp.
8 da manhã, Marcelo Sampaio, amigo desse cronista e colecionador, me envia o mesmíssimo WhatsApp e com os mesmos dizeres do primeiro: “vale uma coluna no seu Blog”.
Trata-se da “Banana” de Maurizio Cattelan. Calma! Calma! Muita calma nessa hora! Não se assustem!
“Que banana cara da porra é essa?” Hão de perguntar os incrédulos e os alheios à arte! Vou tentar explicar!
Trata-se de Arte Contemporânea. E Arte Contemporânea é isso, amigo! Algo conceitual! É qualquer coisa instigante, encantadora e, ao mesmo tempo, incomodativa mas magnética.
Arte Contemporânea recria as pulsações da vida mobilizando o mundo globalizado. Tem um papel social e político claro e assumido sempre buscando a inquietante liberdade de expressão. Tem uma forte tendência contestatória aos absurdos e às mazelas que atingem a dignidade dos humanos.
Cattelan é um artista italiano, nascido em Pádua há 64 anos. Tornou-se mundialmente conhecido por suas satíricas, controversas, cobiçadas e caríssimas esculturas, particularmente a “La Nona Ora” representando o Papa João Paulo II atingido por um meteorito.
Voltando à “Banana”. Essa obra denominada “Comedian”, uma banana presa à uma parede por uma fita adesiva na cor prata, foi vendida na última quarta-feira, 20/11, na Sotheby’s de Nova Iorque, após ferrenha disputa entre sete concorrentes, pela bagatela de US$ 6,2 milhões.
Essa não foi a primeira vez que a “Comedian” fez sucesso. Foi apresentada ao mundo na Art Basel Miami/2019. Criou um tremendo rebuliço e ficou famosa após ter sido arrancada da parede e comida por um artista americano. O mesmo fato repetiu-se em 2023 num Museu sul-coreano onde um estudante de arte arrancou-a, descascou-a, comeu-a e prendeu a casca novamente à parede.
O comprador, um criptoempreendedor chinês chamado Justin Sun, comprou um “certificado de autenticidade” da ideia provocadora de Cattelan que lhe permite colar uma banana à parede e chamar-lhe “Comedian”. “A obra representa um fenômeno cultural e estabelece uma ponte entre os mundos da arte, memes e a comunidade das criptomoedas”, disse o novo e feliz proprietário da fruta mais cara do mundo.
A história dessa “Banana” remete-nos ao mictório de parede encontrado num lixão pelo artista francês Marcel Duchamp, em 1917, que declarou ser ele uma escultura, “Fonte”, assinou “R. Mutt”, enviou-o para uma exposição de vanguarda na mesma frenética Nova Iorque e mudou o conceito da arte para sempre quando disse “Será arte tudo que eu disser que é arte”.
A definição do que é considerado arte ou não, é extremamente pessoal e filosófica. Na mesma Sotheby’s, uma das casas leiloeiras mais importantes do mundo, teve, quase ao mesmo tempo, uma obra do icônico Claude Monet arrematada por US$ 65,5 milhões e uma “Banana”…
Quem chamou mais atenção do mundo?
Portanto, evocando Ferreira Gular digo que “a arte existe porque a vida não basta” e ela está além de seu valor econômico, sua modalidade, sua técnica. Arte faz bem ao espírito independentemente de ser ou não contemplativa. Transcende ao imaginário. Repousa. Alegra. Instiga. Incomoda. Enfim, encanta.
Mas, como tudo na vida, e na arte que a imita não é diferente, há um limite para o razoável.
Fantástico como sempre kadu!!
Grande abraço.
Não sei onde me encontro nesse universo da arte .
Apenas vejo e nada mais .
Tem “Gente” para tudo !!!!
Alex Wagner
Antes tarde do que nunca,
Talvez esse artista , se posso chamar assim, seja um gênio da esperteza, pois tem otários e idiotas aos Montes neste mundo.
Aliás , minha percepção da sociedade é que todo o senso do ridículo, do justo, do ético, do humano, estão sendo apagados por nossos atuais governantes. A maioria de esquerda ou não cristãos…
Osiris Martuscelli
Meu amido Cadu !
Quando recebi essa mensagem no WhatsApp achei que fosse uma piada . Mas não é… kkkk
Abração
Marcos Menegazzo
Parabéns, você consegui tirar algum sumo desta porcaria de arte que é essa banana. Só faltou dizer isso:
_O que o artista quis dizer é “uma banana pra vocês!”_
Henrique Radwanski
Aos 87 anos de vida bem aproveitada, recolhi-me a uma praia sem exposições de “arte”, sem espetáculos musicais modernistas, etc.etc. Em compensação, assisto aos desfiles de veranistas, muitas “harmonizadas” por doutores esteticistas (que deixaram suas atividades clinicas para se tornarem estetoartistas, muito mais bem remunerados…), onde a desarmonia e até deformidades prevalecem, num verdadeiro festival de horrores…
E concluo: o feio, o horroroso, o de péssimo gosto, é a modernidade. Valha-me, Deus! E agora, uma banana na parede vale milhões!… Mudou o planeta, ou mudei eu? Evaldo
Inacreditável.
Famoso dinheiro demais no bolso e não saber o que fazer com o mesmo.
Provável que tenha feito para chamar a atenção e fazer fama. Única explicação .
E é capaz de ganhar dinheiro com isto ainda, ao vender o direito de “posse da ideia” a outro bilionário excêntrico .
Vida que segue.
Alex Meira.
Prezado Leão!
Suas palavras foram lançadas de uma maneira típica de um colecionador de artes, sem se expor, cuidadoso em usá-las, com malandragem para não ser obrigado a explicar muito, este tipo de arte que só vocês mesmos, pagam pelo prazer de possuir uma obra que não precisa de explicações.
Me fez lembrar de um dia que fomos visitar seu companheiro de arte, Antônio Celso.
Eu e Fabrício, a quem pedi que me explicasse uma arte que mais parecia um giz de quadro negro, exposta montada num suporte metálico sobre a mesa da sala.
Enrolou, enrolou e não me explicou nada.
Mais tarde me contou que a empregada do possuidor da arte, ao arrumar a casa, achando que alguma criança tinha lá deixado após brincar com êste objeto, recolheu a tal peça e a despachou para o lixo.
Abração, companheiro!
Eduardo Belisario
Uma banana pregada na parede, Arte!
Macacos me mordam…
Guima
Bom dia Cadu, excelente, como sempre. Abraço e bom domingo!
Vitor Hugo
Cê tá brincando…. 🤣🤣🤣
Fernando Rodrigues
Ola Cadu. Coincidentemente na quinta feira agora fui a uma exposicao de Arte Comtemporanis de um jovem artista chamado Arthur Mascarenhas Trindade, e ele citou esta obra como vc fez. Eu, que cheguei la cru, sai um pouquinho mais esclarecido,, Vou prestar mais atencao.Abraco
Julio Pinheiro
As boas obras de arte sempre são copiadas ou falsificadas, mas sempre com um intuito, fraudar ou possibilitar que qualquer um possa apreciar, em sua parede, a beleza estética da obra multiplicada.
Agora, duvido que qualquer pessoa mentalmente sadia aponha em sua casa , como adorno, uma banana colada na parede com fita adesiva.
Garcilásio Garcia
Guardando os preceitos da física quântica onde a realidade se comporta diferentemente dependendo do observador, fica a duvida:
Será q a arte se relaciona a quem produz ou a quem a vê?
Leandro Pereira
Bom dia, Carlos!!!
Infelizmente, estamos vivendo um tempo de culto ao grotesco.
Felet
Bom-dia Cadu!Parabéns pela instrutiva crônica que nos presenteou hoje! Mais uma vez vemos como as pessoas estão estranhas e com um nível de apreciação do belo muito medíocre! O belo deixou de ser belo! Estamos atravessando um mundo , cheio de pessoas feias, medíocres, que vieram acampar em nosso planeta! Estamos rodeados de ETS BURROS.Lembro- me de um ditado popular quando leio esta estória da banana e os milhões que foram investidos nela:” DINHEIRO DE BURRO É EMBORNAL DE SABIDO”! BELO E FELIZ DOMINGO JUNTO A LINDA FAMILIA! BEIJÃO!!!!
Sônia Saadi
Eu vi!!! Tb me chamou a atenção. Obrigado por explicar um pouco o que é a tal de arte contemporânea. Um abraço e ótimo domingo
Righesso
Que show essa história!!! Me mande mais quando escrever. Vou compartilhar.
Filipe Pedra
Kadú sou eclética com toda a Arte, mas é claro , sem deixar em primazia meu Eu interior. Mas que foi difícil, e não conseguindo querer entender a tal Banana até agora.
Minha dedução é que isto tudo é reflexo deste Mundo que estamos vivendo.🙃. Ao meu ver, Muito triste ver td isso. Mas usando tuas palavras , sem dúvida uma sátira deste mundo que vivemos, talvez Ele tenha se inspirado em um determinado país. Da América do Sul….
Cadu, só você para explicar, justificar ou até mesmo “aprovar” uma obra de arte dessa natureza! Mas como sempre, você conseguiu pelo menos nos fazer refletir sobre o sentido da arte contemporânea e suas várias manifestações. Genial
Cido Carvalho
👏👏👏👏👏👏
Prezado Cadu, minha ignorância para as artes não consegue entender isso.
Emerson Fidélis
VALEU CADU!!!
BACANA!!! 💚❤️
Benjamim Gomes
Isso me remeteu ao plágio: ” enquanto houver macaco, uma banana existirá para ser “comida” “. Amigo, estamos regredindo: na cultura, na filosofia, na arte… Grande abraço! Ian Duarte
Banana comendo macaco!!!!! Uma banana pregada na parede, pode-se chamar de arte?
Jamais, é simplesmente fora da curva!
Cadu,
Há um limite para o razoável…..
Será? Uma banana pregada na parede, pode-se chamar de arte?
Não! Não é razoável, é ilógico, improcedente e o mesmo que incoerente…..
João Luís Castanheira
Cadu , vc se saiu muito bem , aliás como sempre .Fiquei pensando se vc teria “ saída “ para a provocação da Thais . Muito bom , acho que vc na sua resposta foi um pouco “ contemporâneo “ tentando explicar o inexplicável . Vc é mesmo campeão .
Uma BANANA para o Maurício Cattelan
Paulo Matsudo
👍👍👍
Ótima aula, doutor! Até tento entender “a ideia “ atrás da arte contemporânea, mas achei essa banana uma barbaridade!
Atágide Assunção