A verdadeira história sobre o Movimento de 64 precisa vir à tona sob o risco de enquadrar-se na máxima de que “uma mentira contada muitas vezes torna-se verdade”.
Gente, por causa desse mimimi da esquerdalha sobre as comemorações do Golpe de 64, bateu a inspiração. Então, segue o texto. Preciso contar-lhes uma história que marcou minha vida e, como um filme, aflorou-se nestes últimos dias de esperneio da mídia. Era 31 de março de 1964, uma terça-feira. Eu tinha sete anos e sempre fui muito ligado em tudo. De repente, meu pai, chega em casa às três da tarde, quatro horas antes de sua rotina diária. Esbaforido, tenso, nervoso, abraçou-nos, a mim, minha mãe e Silvana, todos juntos e fortemente, e nos disse: “O Brasil está salvo!”. Pediu-nos com firmeza para não sair de casa e quis saber se a despensa estava abastecida. Lembro-me com total clareza que lhe pedi para ir junto à casa do meu avô Kosciusko, para onde seguiu sozinho e preocupado com os pais.
Voltemos para hoje, 55 anos depois. Claro que existe uma hierarquia de ações e ela é soberana nesse momento político. As reformas da Previdência, Segurança e Educação, nessa ordem ou juntas, significam a sobrevivência da nação e, nada, absolutamente nada, pode nos desviar desse foco que nos libertará das amarras da incompetência vividas nos últimos anos. Mas tudo é motivo para tumultua-la e a bola da vez é a bendita “comemoração”.
Vai dar certo! Vamos fazê-las! Contra ou apesar dela – a esquerdalha – vamos fazê-las! O povo quer. Ponto final. Mas, depois de fazê-las precisamos urgentemente reescrever nossa história. Eu, pelo menos, e acho que vocês também, estou de saco cheio das mentiradas contadas até hoje pelos coitadinhos inofensivos e injustiçados (leia-se Lula, Dilma, Genoíno, Pimentel, Jaques Wagner, Eduardo Jorge, Zé, Dirceu, os condecorados pela Lei Rouanet – Chico, Gil, Caetano e tantos outros) sobre o acontecido naquela terça-feira e que se seguiu 21 anos a fio. Justiça seja feita a ex-guerrilheiros como Gabeira, Eduardo Jorge, Vera Magalhães, entre tantos, confessos defensores da Ditadura do Proletariado como eram todos os acima citados mas que, até hoje, insistem na mentira e se autointitulam defensores da liberdade e democracia. Democracia? Tá de brincadeira!
Cansei de ouvir o que lhes passo agora. “Não é nada disso que se conta hoje, meu filho”, repetia meu pai sempre que o assunto “Golpe” vinha à tona. “Os militares foram convocados por lideranças civis e pela imprensa nacional a assumirem seu papel constitucional na defesa de nossa soberania, ordem e paz, dada a zona que estava o país”. As “forças ocultas” alegadas por Jânio tinham nome e sobrenome, segundo ele. “O cara se deu mal pois quis se aproximar do socialismo e condecorar Che Guevara. Um vira-casaca”. “Renunciou por vergonha”, sentenciava. “Jango fugiu pois o Congresso suspeitava de suas intenções comunistas”. Era fã de Carlos Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães Pinto e Assis Chateubriand a quem atribuía o êxito do movimento. Versão isenta de quem viveu o momento e que a história titubeia.
Graças à tecnologia da informação, imediata a qualquer “enter”, temos acesso aos periódicos da quarta-feira, o “day after”, republicados em todas as mídias de hoje. Estamos relendo a história contada de maneira uníssona pela maioria avassaladora da imprensa escrita, todas favoráveis ao Brasil salvo, como disse meu pai naquela terça-feira. “Povo e Governo superam a Sublevação”, sentenciava “A Noite”. “Fabulosa Demonstração de Repulsa ao Comunismo”, headline de “O Dia”, “Vitorioso o movimento democrático”, do Estadão e “Ressurge a Democracia”, de O Globo. Estes dois últimos seriam inacreditáveis nos dias de hoje. Mas aconteceu. É fato. E o meu pai…
Vivemos a época do acesso ilimitado à informação, arma poderosa da história e dos historiadores isentos. Portanto, não há mais espaço para mentiras, invenções, criações mirabolantes, meias verdades. Não há mais espaço para heróis fabricados. Não há mais espaço para falsos injustiçados. Não há mais espaço para histórias contadas por esquerdopatas. Eles são fanáticos, fator que obnubila suas mentes, aguçadas para a fantasia e para a criação de realidades virtuais.
Nós médicos aprendemos ser agressivos contra doenças agressivas. Não há meio termo sob pena de sermos vencidos por elas como, vez ou outra, o somos. O movimento de 64 compara-se à medicina diante de um câncer, com uma diferença capital: não podia haver “vez ou outra”. Ele foi cirúrgico como a gravidade exigia. Extirpou o mal. Se houve ou não tortura, abominável em qualquer situação contrária aos humanos e que não existe na arte hipocrática, não se compara aos métodos utilizados, por exemplo, contra Celso Daniel e todas as testemunhas que comprometeriam os envolvidos nessa barbarie ou contra o próprio presidente, vivo por ordem e graça do Espírito Santo. Lenda ou não, nada justifica o atribuído aos “porões” do movimento contado pela mesma história titubeante.
Bolsonaro não quis comemorar 64. Referiu-se apenas à tradicional “ordem do dia” nos quartéis brasileiros e o seu compromisso com a memória do movimento que nos livrou do status de uma nova Venezuela ou uma nova Cuba. Prato cheio pra imprensa oportunista que detonou o presidente. Cortina de fumaça para desvirtuar as reformas. Há dois anos, Chico Alencar, petista, óbvio, em pleno Congresso Nacional fez uma homenagem plenária à Revolução Russa de 1917 que tanta desgraça trouxe à humanidade, sem que a mídia, perversa e parcial, se manifestasse como agora o fez e com tamanho alarde.
O resgate da memória histórica baliza o compromisso que todos devemos ter com tudo que diz respeito à nossa evolução como povo e nação. Assim sendo, não há possibilidade de evolução naquela nação que não preserva o seu passado, os seus costumes, os seus heróis, enfim, a sua verdadeira história. Estamos tendo a oportunidade de reencontrar um precioso acervo que nos fará pensar e refletir sobre o passado, o presente e o futuro.
*Carlos Eduardo Leão é médico e cronista