No artigo “Desculpem meu Aramaico”, na Folha de São Paulo de 11/12 último, Gregorio Duvivier escreve como se fosse Jesus Cristo. Abri este espaço para a resposta de Jesus.
Oi, Duvivier, aqui é Jesus. Você e o Porchat pegaram mesmo no meu pé, hem cara! Além daquele filme blasfêmico ao cristianismo e de extremo mau gosto tem agora esse artigo da Folha em que você, novamente, se passa por mim, fala em meu nome, inventa, tenta ser engraçado. Pensou que eu não iria te assistir ou te ler? Esqueceu da minha onisciência?
Estou achando você com tendências homofóbicas. Essa sua fixação em me querer gay é pra chocar meus seguidores na Terra? Qual o problema se eu fosse? Ou você acha que por não ser deixarei de amá-los? Eles são filhos de Deus, meu pai, e, diga-se de passagem, eu e o pai somos um. Os gays, os negros, os brancos, os índios, os ignorantes, os ateus e até você e Porchat, enfim, todos terão o meu reino se o fizerem por merecer, independente de suas crenças, opções, tendências, raça, etnia e até mesmo dos desvios graves de caráter, de pudor e, sobretudo, de respeito que ambos têm demonstrado à crença e à fé de seus semelhantes. Um escárnio! Há coisas na vida terrena que não se deve brincar. Existe um “tribunal de contas” chamado “Juízo Final”, sabia?
Em momento nenhum fico triste ao ser passado por gay ou negro. Afinal são gente como eu quando aqui cheguei. “A Primeira Tentação de Cristo” que está passando no Netflix é uma sátira pervertida. Qual a razão dessa fixação? Você me representou como amante do Porchat. No seu filme, durante a festa surpresa que Maria, adúltera, e José, corno, fizeram pra comemorar meus 30 anos, logo após meu regresso do deserto onde, segundo o autor, fiquei 40 dias na companhia de um tal de Orlando, houve a revelação de que eu era um adotado e que Deus, na realidade, era o tio Vitório de quem me neguei a propagar sua palavra. De onde você tirou isso, cara?
Lucas, Mateus, João e Marcos contaram a minha história. Vocês leram. De onde vem tanta pérfida imaginação? Tanto vilipêndio? Tanto desrespeito? Tanta blasfêmia? Não há nada ali que possa levá-los onde chegaram. O modelito que você arrumou pra mim com aquela camiseta de Karl Marx e mini-saia rosa me escarneceu. Não fumo maconha. Nunca fui comunista, muito menos marxista. Jamais mandaria meus seguidores tomarem naquele lugar como você escancarou na Folha. Menos, amigo. Não se zomba da fé. Quando estava na cruz, ao meu lado estava um ladrão que passou sua vida inteira roubando. Nos últimos minutos de vida confessou a mim seu arrependimento. Eu o perdoei e ele ganhou o Reino dos Céus. Portanto, ainda há uma esperança para um sacrílego como você.
Jesus, permita-me entrar nessa conversa. Eu sei da Sua infinita bondade. É tanta que o Senhor deu Sua própria vida por nós. Mas não perca Seu tempo querendo salvar essa esquerda maldita que lhe ataca pra afrontar as ideias conservadoras de educação, moral, civismo e família desse novo governo. Duvivier, Porchat, Márcia Tiburi, Boulos e todos daquela turma da “alma mais honesta do mundo” fazem o impossível para desagregar. São artífices do mal. Querem a incerteza, a mentira, o dolo, a discórdia. Aliam-se à grande mídia, igualmente perversa, para que todos juntos retomem a boquinha perdida. Esses caras corromperam, roubaram, extorquiram, mataram. Por mim, o inferno é pouco pra eles.
Cadu, Cadu… Você não se lembra que eu escrevo certo por linhas tortas? Eles estão no inferno. Ao salvar o seu Presidente da morte, dar-lhe sabedoria para mudar o seu país, colocar Sérgio Moro na Terra e permitir tudo isso acontecer em menos de um ano, incomoda mais que o calor abissal das profundezas satânicas. Mas eles são meus filhos e eu os amo igualmente. E rezo diuturnamente ao pai: Perdoa-lhes, Senhor. Eles não sabem o que fazem!
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