Givaldo Alves talvez seja a reedição contemporânea de Arsène Lupin, o intrépido personagem do clássico francês “Ladrão de Casaca”, obra prima de Maurice Leblanc, publicado no longínquo 1907.
Arsène é um ladrão audacioso, impertinente, desafiador, que zomba da alta sociedade e ridiculariza a burguesia. Astuto e brilhante, Arsène tenta amenizar o seu pecado capital socorrendo e abraçando os desvalidos, emocionando corações que se arrastam atrás de si. Uma espécie de Robin Hood da Belle Époque francesa o que, definitivamente, não o isenta de sua compulsão e culpa pelo dolo que os ladrões carregam em seus cromossomos doentes.
Givaldo é um mendigo de Planaltina, articulado, sedutor, eloqüente, com retórica coerente, politicamente atualizado que, de repente, comeu Sandra que, por sua vez, recebeu uma “mensagem de Deus” para ajudá-lo esvaziar suas vesículas seminais. Ao detalhar seu ato sexual, suas diversas entrevistas divulgadas na mídia e redes sociais, seus olhos arroxeados pelos socos de um provável corno desesperado, Givaldo emocionou corações que passaram a se arrastar atrás de si.
O “Mendigo de Casaca”, que é baiano, encantou os desvalidos quando recitou à sua amada “quem me dera ser Gardel, tenor e bacharel, francês e rouxinol, doutor em champinhom, garçom em Salvador, e locutor de futebol, pra te dizer febril, bem-vinda, tua beleza é quase um crime, tu és a bunda mais sublime, aqui deste Brasil.” E Sandra, em transe de prazer extasiante, fingia não ligar para as insinuações que afirmavam que “de tudo que é nego torto, do mangue, do cais do porto, ela já foi namorada, que o seu corpo é dos errantes, dos cegos, mendigos e retirantes e de quem não tem mais nada”.
E aqui, paira a dúvida se foi mesmo um surto psicótico libidinoso ou a incorporação do espírito da famosa Geni do Zepelin.
E assim caminha a humanidade, infestada de Arsènes, Givaldos e Genis, todos enganadores, que iludem impiedosamente a fé do povo e pisoteiam a moral, bem aos moldes do meliante de São Bernardo que, após aquela improvável vitória no STJ, exige desculpas da imprensa que divulgou “mentiras” a seu respeito e indenizações milionárias dos seus “injustos e irresponsáveis” julgadores.
Bem aos moldes de Anitta, incitando a juventude brasileira alinhar-se às fileiras da ilicitude, do atraso e da corrupção.
Bem aos moldes de Caetano e uma horda dos “Sem-Rouanet” que não saem daquela Suprema Casa conspirando contra a Pátria.
Bem aos moldes de Alckmin, a personificação da desfaçatez, do oportunismo maligno e do desrespeito a quem, por anos, acreditou em sua retórica de falso moralismo. Unir-se ao maior ladrão da história a quem sempre se referiu como a escória da política brasileira bem mostra a sua condição de usurpador da esperança dos que, um dia, lhe confiaram seu voto. Alckmin encarna o “Político de Casaca”, alcunha que cabe à maioria dos políticos brasileiros.
Bem aos moldes daquela mídia e seus institutos de pesquisa que apostam na volta da roubalheira desenfreada, da corrupção degradante e de uma nova ordem mundial que os locupletem na sua sanha perversa de caça à independência e cerceamento dos direitos do povo.
São tantos os pedidos, tão sinceros, tão sentidos que tenho dominado meu asco por todo esse momento que passamos.
Mas logo raiará o dia e o Brasil em cantoria entoará o hino da esperança que nos garantirá a decência, o progresso e a liberdade.