O Brasil precisa urgentemente empregar, empreender, investir e crescer.
É, Bolsonaro, sua situação… Sei não. Já vimos esse filme antes por duas vezes. E os dois “longas” contavam a mesma história de “salvadores da pátria”. Embora estrelados por atores diferentes, Collor e Lula, o enredo era o mesmo deste em que você está 99% cotado a estrelar.
Você, como eles foram, é a nossa máxima esperança. Reveja atentamente estes filmes, meu caro. Veja onde eles erraram e tire proveito dos seus mais terríveis equívocos. Transforme os erros em acertos e entre para a história como o maior estadista brasileiro.
Não perca essa oportunidade que a vida e o milagre recente estão lhe proporcionando. Encare com humildade que nem todos que votam em ti gostam de ti. Eles esperam em ti. Não os decepcione. Agarre o Paulo Guedes e comece arrumar a economia. Arrume, logo de cara, a segurança, não deixe mais ninguém esperando na fila do SUS e imobilize a corrupção. Você tem seis meses pra fazer isso e construir a sua história e com ela conseguir a confiança dos desconfiados. Esqueça, por enquanto, machismo, homofobismo, racismo, feminismo, fascismo, LGBTismo, sexismo e outras pendências de igual importância, diga-se de passagem, e atenha-se a colocar a pátria no trilho.
O Brasil precisa urgentemente empregar, trabalhar, empreender, investir, girar o dinheiro e crescer. Estamos sufocados, Capitão.
Feito isso, parta para os “ismos” e mostre a nação que você não é nada do que pinta a esquerda ardilosa e demoníaca. Escancare aos seus ferrenhos opositores o seu zelo e total compromisso com a manutenção da família, da moral, do civismo, das boas maneiras, da educação e da ética, pilares inquestionáveis da democracia.
Aquela facada lhe transformou, Bolsonaro. Você amadureceu, mudou o semblante, adequou o tom e a palavra, está mais ponderado e verdadeiro, reconhece os erros, desculpa-se por eles. Você se aproxima a passos largos da maior patente que um político pode almejar, a de estadista.
Você está com faca (não aquela) e o queijo nas mãos apesar de todas as dificuldades que sabemos que vai encontrar quando sentar naquela cadeira. Lembre-se, porém, que o estadista tem força, tem fé, tem determinação, tem amor pátrio, tem esperança, tem projeto para sua nação, tem vontade e, sobretudo, conhece o caminho e está no caminho junto aos que nele confiam. Tenho certeza que você encarna tudo isso e nós confiamos no seu taco.
Na remota hipótese do 1% acontecer, algo metafísico, algo que nem Freud explicará, aí eu terei que fazer uma outra carta. Que fique entre nós, mas não saberia por onde começar.
Que o Brasil esteja acima de tudo e Deus acima de todos. E te ajudando muito, meu presidente!
*Carlos Eduardo Leão é médico e cronista