Em acirrada disputa, o Coronavírus e a Extrema-Imprensa brasileira lutam pelo Troféu Sem-Noção
Achei que não escreveria sobre esse malfadado Coronavírus. Mas a coisa está tão sem noção que não aguento e estou aqui digitando essas bem traçadas linhas. Até neste exato momento que lhes escrevo existem oito casos confirmados no Brasil. No Brasil, gente! Não é na minha cidade não! Por causa disso, em Belo Horizonte, já não há mais máscaras cirúrgicas disponíveis em farmácias. Álcool gel, nem se fala. Um espirro singelo faz com que centenas de pessoas saiam correndo desesperadas, atropelando umas às outras, num pânico de fazer inveja à Linda Blair em “O Exorcista”.
Parte da população mascarada olhando torto para os sem-máscaras numa cena Felliniana sem precedentes na cidade. Tossir pode ser prenúncio de linchamento. Espirrar é certeza. Um total exagero para mais um processo viral semelhante às gripes comuns. Já está comprovado que o H1N1 de dois anos atrás é muito mais importante e nem por isso transformou-se nessa histeria coletiva que derrubou as Bolsas mundo afora, elevou o Dólar a patamares inimagináveis, liquidou com o Turismo e transformou as pessoas em zumbis amedrontados. Enquanto isso, os laboratórios pesquisam, pra ontem, vacinas e medicamentos que, certamente, lhes renderão bilhões como no H1N1. Só pra pensar. Não vai aqui nenhum tipo de teoria da conspiração.
Infectologistas do peso científico de David Uip, Vladimir Cantarelle, Carlos Starling e tantos outros de mesma competência tentam ajudar a população com as palavras “tranquilidade e cautela”. Noções básicas de higiene, bom senso e cuidados clássicos são suficientes para o controle inicial. Tanto nós médicos quanto a autoridade pública de saúde jamais subestimamos qualquer agente patológico. O Brasil é exemplo no mundo quanto à profilaxia e cuidados para mais esse vírus e está totalmente preparado nos Serviços Públicos e Privados para o atendimento e controle da infecção. Embora ainda não catalogado pela ciência já se sabe tratar de um vírus muito mais frágil que o H1N1.
Longe de ser uma pandemia, dados atualizados mostram que nestes quatro meses morreram 1600 pessoas em todo o mundo afetadas pelo Coronavírus, a maioria na China que, estranhamente, ainda não divulgou o perfil dos mortos. Provavelmente, idosos, num inverno extremo e com alguma comorbidade. Vale ressaltar que, no mundo, morrem dois milhões de pessoas por ano vítimas de gripe.
E o brasileiro é mesmo sui-generis. Não tá nem aí para as nossas reais estatísticas, estas sim alarmantes. Somente em Brasília, este ano, são seiscentos casos de Dengue confirmados. Na cidade de São Paulo são trezentos casos de Sarampo, outrora erradicado do mapa da saúde brasileira e ninguém se abala. Todo mundo em pânico por causa de oito casos afetados pelo 2019-nCoV cuja letalidade gira em torno de 2%. Dá um tempo aí, talkey?
Pra terminar, e a extrema imprensa, hein gente? Continua a mesma hipócrita de péssima estirpe e sempre se valendo do indefectível lema “dois pesos duas medidas”. Marcelo Adnet, da Globo, caracterizar-se de Presidente e imitá-lo perante jornalistas na saída do Alvorada, pode. Goza-lo e ridiculariza-lo em desfile de Escola de Samba aos olhos do mundo, também pode. Ninguém chiou. É humor saudável. Em se tratando de Carioca, da Record, ao fazer algo semelhante, caiu em desgraça com essa turma de mal com essa nova vida sem as tetas que até pouco tempo enchiam-lhes o pandu.
Carioca distribuiu bananas, a fruta, para os jornalistas, na saída do Alvorada, e estes se sentiram escarnecidos. Lembrei-me então de Lutero que diz: “O melhor método para expulsar um demônio, se ele não ceder aos textos da Escritura, é ridiculariza-lo, zombar dele, pois ele não suporta o escárnio. O diabo, o espírito orgulhoso, não tolera ser motivo de chacota.”
