Numa entrevista coletiva histórica, competente, técnica e, sobretudo, afinada, Presidente e seus Ministros tranquilizam a nação com ações de eficácia inquestionável.
O juramento de Hipócrates é um clássico deslumbrante. Tive o privilégio de fazê-lo por duas vezes, há 39 anos e há pouco mais de um ano na formatura da minha pequenininha, Luiza. O Diretor da Faculdade convidou os pais médicos presentes à cerimônia para renovarem o seu juramento e o fiz com minha mão direita estendida e sobreposta à da minha filha, num dos momentos mais emocionantes da minha vida.
Este juramento já foi “atualizado” algumas vezes, mas sempre mantendo a belíssima essência original. Parte dele, “Prometo solenemente consagrar a minha vida a serviço da humanidade” e “A saúde e bem-estar do meu doente serão as minhas primeiras preocupações”, são apenas dois preceitos pétreos e atemporais, escritos em grego jônico, século V. aC, na bela ilha grega de Cós.
Portanto, por juramento e obrigação de ofício jamais subestimei meus doentes, as doenças e seus agentes causadores e me manterei fiel a eles até o meu fim. Este preâmbulo se faz necessário pois escrevo com redobrada responsabilidade já que opinam o cidadão e o médico.
4ª feira, 18/3/20, cirurgia suspensa, saí para caminhar com Thaïs pelas ruas do “Funcionários”, bairro onde moro. BH está com 30% da sua vitalidade, da sua pujança, dos seus carros, dos seus transeuntes. O céu de um azul infinito, sem nuvens não esconde um sol redentor e esplendoroso que nos aquece, nos fortalece e, sobretudo, nos protege quando dosado com responsabilidade.
O semblante desse povo alegre e hospitaleiro com quem cruzávamos estava tenso. Um misto de insegurança e medo por um porvir incerto e de nuances aterrorizantes, puderam ser facilmente observados por quem, como eu, habilitou-se aos diagnósticos há tanto tempo. Mineiro é desconfiado, Cadu! Já posso até ouvir daqui, alguns críticos dessa “observação clínica”. Mineiro é prudente e essa característica peculiar muitas vezes se confunde com desconfiança.
Não tenho a menor dúvida da gravidade do problema como também não tenho dúvida do negativismo apocalíptico e sem precedentes da mídia extrema e a quem ela protege. São duas teses muito conflitantes que assumo de peito aberto e que divido com vocês em busca de um pensamento responsável que possa trazer acalento, um dos pilares da medicina milenar.
Objetivamente, o que é real? Estamos no verão e o vírus gosta de baixas temperaturas. Apenas 10% da população brasileira tem mais de 60 anos contra quase 40% da europeia no tocante a grupo de maior risco. Até agora são pouco mais de 8 mil casos suspeitos, 300 casos confirmados e três mortes, sendo um paciente de 75 anos com doença pulmonar prévia grave e outro com mais de 80 e comorbidades associadas. Medidas profiláticas para contensão da pandemia são exemplares no Brasil através do Ministério da Saúde numa atuação conjunta com os demais Ministérios em “cruzada de guerra” sem precedentes. Liberação de verbas públicas, facilitação de pagamento de obrigações fiscais, aumento do Bolsa-família, entre outros. Cuidados de higiene, evitar aglomerações, atenção total à terceira idade, adequação de locais públicos, adiamento de grandes eventos. Atenção na infraestrutura, no transporte público, aeroportos e rodoviárias. Esforços da autoridade de saúde em agilizar vacinas, Hospitais , leitos de medicina intensiva e re-agendamentos de procedimentos eletivos. Até aqui, tudo ok. Louvável. Notável.
Objetivamente, o que é exagero? Previsões apocalípticas, irreais e fora de contexto diante das estatísticas médicas e das diferenças epidemiológicas do Brasil em relação ao hemisfério norte. Incentivo à uma nefasta e desnecessária paralisação do país sem nenhuma contrapartida fiscal e trabalhista para tal, o que pode gerar desemprego, fome, diminuição de resistência, infecções e muito mais mortes. Instalação de pânico, desespero, desconfiança e quebradeira geral, pode levar o país a uma situação de penúria econômica que desestabilizará suas ações políticas e sociais. Tudo com a anuência de alguns governadores, em grave estado terminal, que jogam pra torcida. Que torcida?
Infelizmente, existe um enorme interesse das esquerdas orquestradas mundo afora. O triste é a utilização da saúde e vidas para fins tão espúrios. Vale lembrar que em 2020, já temos 80 mil casos de dengue confirmados no Brasil, com 19 mortes, 300 casos de sarampo, somente na cidade de São Paulo e, pior, 17 brasileiros morrem de fome por dia no Brasil deixado por Lula e Dilma. Que nos sirva de reflexão.
Eu e Luiza estamos a postos, Presidente. É só chamar.
