Nunca antes na história desse país, talvez do mundo, viu-se algo parecido. Vídeos, ainda do cinema mudo, que mostram a coroação de Elizabeth II; os casamentos de Charles e seus filhos; a ocupação do trono de Pedro por Papas contemporâneos; posses de presidentes, aqui e “abroad”, nada, absolutamente nada, se compara, em proporção, à festa de posse do novo presidente do TSE.
Trata-se de um tribunal administrativo formado por servidores públicos federais, cujas efetivações dos ex-mandatários se davam, até então, na calada de qualquer tarde da semana, numa cerimônia para funcionários, alguns ministros de lá e daquela Suprema Mansão, regadas a um bom café conilon sem broca, pão de queijo dos “bão” e suco das laranjas do pomar dos Cutrale. À noite, entre uma mentira e outra, aquela conhecida mídia anunciava, “en passant” e protocolarmente, a boa nova do Planalto. Apenas isso. Nada mais.
Um anfiteatro elegante forrado com o clássico tapete vermelho que, através dos séculos representa a passarela dos eminentes, dos honrados que se fazem merecedores da glória de pisa-lo. Por lá, governadores, prefeitos, autoridades dos Poderes, gente do alto escalação e outros tipos igualmente honrados.
Fontes fidedignas afirmam que Aladim foi contratado para trazer “aquele” tapete que estava em destaque no auditório. Não se sabe se era Tabriz, Isphaham ou Nain, mas estava na Caverna das Delícias. O certo é que foi estrategicamente colocado para que Larry, Joe, Moe e a Princesa Jasmine (segundo o DataFolha, claro) pudessem se destacar naquela multidão imperial. Até que o “Maitre D’honneur” “avisou, avisou, avisou que ia rolar a festa e que o Povo de Preto do gueto reforçava que todos podiam vir, podiam chegar, misturando o mundo inteiro pra ver o que é que dá”.
“Tinha gente de toda cor, toda raça e toda fé. Guitarras de rock’n roll e batuque de candomblé” deram um toque charmoso ao Hino Nacional que, durante sua execução, apenas duas pessoas, entre centenas, levaram suas mãos direitas ao coração em sinal de respeito e amor supremo à pátria.
E lá o “vale, vale tudo, vale o que vier, vale o que quiser” mostrava-se presente através de um espetáculo patético, com discursos de um puxa-saquismo constrangedor, culminando com a fala dura, de tom visivelmente vingativo, prepotente e intimidatório de um empossando que mostrava um fácies de rancor aliado a uma retórica agressiva que pontificava nossas urnas eletrônicas como símbolo pátrio de máximo orgulho, deixando claro em suas entrelinhas que ali, naquele recinto, “só não valia dançar homem com homem nem mulher com mulher. O resto valia.”
E aquela audiência encomendada aplaudia, embevecida e frenética, a defesa da democracia e da liberdade. A hipocrisia emociona! Era tanta alegria naquele circo que levou a jornalista militante Natuza Neri afirmar que a desenvoltura do ladrão perdoado em relação a Bolsonaro era tanta que ele, o descondenado, já era tratado como novo presidente do Brasil.
E quando o PR trocou cochichos com o empossando, elocubrações mis apareceram nas redes sociais da esquerdalha. O que teriam conversado? A sorte é que Aladim, além do tapete, trouxe a lâmpada. Um esfregadela, e o gênio respondeu: “Não sei o que foi dito, mas, certamente, o PR exerceu com máxima competência os ensinamentos de “A Arte da Guerra” de Sun Tzu: “Na guerra finja! Esconda suas reais intenções! Confunda seus inimigos!”
“É hora de abrir nossas asas, soltar nossas feras, cair na gandaia, entrar nessa festa e levar conosco o sonho mais louco de ver esse 7 de setembro, lindo, leve e solto.”