Não se sabe se em espírito, reencarnação ou transe mediúnico. A verdade é que Pero Vaz de Caminha esteve recentemente no Brasil, inteirou-se de tudo e redigiu, aos moldes da primeira, uma segunda carta para D. Manuel, descrevendo suas impressões, 522 anos depois. Segue a íntegra da missiva.
“D. Manuel, meu Rei,
Esse Brasil é mesmo phoda. Aliás, sugiro à Sua Majestade que esse “phoda” seja, doravante, escrito em maiúsculas toda vez que nos referirmos a ele. Portanto, PHODA.
É inacreditável o Brasil ainda estar de pé. Há 522 anos é impiedosamente roubado. Nós mesmos demos uma “ajudinha” com todo aquele ouro, pedras preciosas, madeira, impostos extorsivos, até que D. Pedro I fez aquela imperdoável sacanagem conosco. Mas nada se compara ao que fez o PT e seus simpatizantes. Mensalão, Petrolão, tanto dinheiro pra Ditaduras e pra fomentar corrupção que o senhor não acredita. Fomos amadores se comparados a eles.
Mesmo assim esse país continua uma maravilha de cenário. É um episódio relicário que o artista, num sonho genial, o escolheu para o carnaval, o maior espetáculo da Terra. E o asfalto como passarela retrata o Brasil em forma de aquarela. Suas verdes matas, cachoeiras e cascatas de colorido sutil, refletem um lindo céu azul anil que emolduram o Brasil. Deus exagerou com tanta beleza, riqueza, fartura e capacidade regenerativa das porradas diuturnas que toma.
Mas nem tudo são flores, Majestade. O senhor não imagina a quantidade de babacas que circula por aqui. Sinto dizer-lhe, que o Brasil é o epicentro da babaquice mundial. No lançamento da chapa Lula/Picolé de Xuxu, a apresentadora soltou um “Quero fazer um “escurecimento ou esclarecimento” em ralação ao pleito… e seguiu com “Queremos deixar “claro ou escuro” que não estamos fazendo apenas um lançamento…” Achou que estava abafando nessa alusão antirracista. Inacreditável, não?
Após essa pérola da babaquice explícita, Sérgio Camargo mostrou preocupação com as brasileiras chamadas Ana Clara. Elas podem ser consideradas racistas até que mudem o nome para Ana Escura.
A obra prima de Ary Barroso, “Aquarela do Brasil”, está sob ameaça pelo “mulato inzoneiro” e “tira a mãe preta do cerrado”. Ou muda a letra ou não se canta mais. Só falta essa, meu Rei!
Tem uma tal de Gleise, Majestade. Tá querendo processar novamente o PR por racismo porque perguntou a um seguidor, mais rechonchudo, quantas arrobas ele estava pesando. Pode uma coisa dessa? E Bolsonaro continua arrebatando multidões.
Mas tem mais. A PF daqui prendeu “em flagrante” uma quadrilha de traficantes com 400kg de cocaína. Resultado: como não havia “mandado”, a ação foi declarada ilegal, os meliantes soltos e o “talco” deverá retornar aos fornecedores. Só uma dúvida, D. Manuel. Em Portugal, as prisões em flagrante precisam de “mandado”?
Pra terminar, o que fizeram com o Polo e com os gays é algo imperdoável. Tentaram lacrar e o carro passou a patinho-feio da marca.
Mas eu sou fã daqui. Ontem mesmo fui ao encontro daquelas fontes murmurantes, onde matei a minha sede e vi a lua brincar. Esse Brasil é mesmo lindo e trigueiro, Majestade. Permita-me chamá-lo de meu Brasil brasileiro e desejar-lhe sorte para o outubro vindouro.
Com respeito, Pero.”
A resposta veio curta e grossa.
“Pero, depois de sua carta, chamei Pedro I. Ele está perdoado. Livrou-nos de boa! Abraço e bom retorno ao Céu.
D. Manuel.”