Moro mordeu a isca e caiu como um pato, ou o plano é perfeito pra chegar à Presidência?
Thaïs, ao criticar este texto, chamou-me atenção para o risco que corro de ser taxado como candidato à Profeta. Resolvi arriscar, mesmo porque não trocarei a Medicina para exercer profecias. E esta minha percepção outros podem ter tido, claro. Então, segue a crônica.
Num dos meus recentes textos exaltei o Brasil como um país que mais cria heróis na história da humanidade, passando a cultua-los e adora-los até que “caia o pano” e entenda a “m…da” que sempre faz. E é incrível como nós não aprendemos! Alguns exemplos recentes passam por Collor, FHC, Lula, Aécio, Dilma, Marielle e os recentíssimos Mandetta e Moro. Todos, sem exceção, se enquadraram na impiedosa máxima de que “Ninguém engana todos o tempo todo”.
Moro deverá continuar em “Boca de Matildes” por mais um a dois meses até o inglório esquecimento coletivo. Um tempo até excessivo mas que se deve ao que o juiz representa na memória pátria por ter praticado, com probidade e destemor, a ciência que jurou exercer com ética, principalmente por suas ações na Lava-Jato. O grande problema é que o brasileiro não entende que ele não fez mais do que a sua obrigação como magistrado. Por ser íntegro, imparcial e aplicar a lei no seu frio rigor, S.Exª. não está fazendo nenhum favor à coletividade e sim exercendo a magistratura em sua plenitude e como deve ser. Ponto final.
Eu não engulo aquela coletiva histórica de sua demissão. Muito embora soubéssemos de sua linhagem progressista, desarmamentista, abortista, todas contrárias ao pensamento do chefe, sua conduta culmina com uma estranha e inexplicável passividade ao assistir seus presos serem soltos, principalmente o maior deles, além do silêncio em momentos nevrálgicos do país e uma incompreensível indiferença ao Presidente, nunca mencionado ou lembrado em suas entrevistas e aparições públicas. Das poucas menções que fez em TV foi para afirmar peremptoriamente que ele, o Presidente, nunca ingeriu em seu trabalho ou da PF.
Vou-lhe confidenciar meu “feeling”, caro Moro. Acho que você caiu num golpe de mestre da esquerda. Alguém da turma entrou em seu gabinete e soltou uma mosca azul. Ela te picou e te deixou meio em transe. Transe é um estado de consciência, uma espécie de hipnose onde podem ocorrer diversos eventos neuro-fisiológicos como as alucinações perceptivas ou até mesmo hiper-sugestionabilidade. Neste “sonho” você se viu naquele boneco gigante do Super-Homem, nas faixas de “Herói do Povo”, no “In Moro we trust”, e em tantas outras demonstrações populares explícitas. E aí você desce, convoca a imprensa, tece loas à sua biografia, ignora a situação do seu povo e pede demissão no melhor estilo eu sou “f…da”.
A esquerda está agônica, Sr. Juiz. Vale tudo. Incitou-lhe. Fez a sua cabeça. Endeusou-lhe. Prometeu-lhe a presidência. Pepa, Dória, Fruta, FHC como escudeiros. Que glória! E você, político amador e, por isso, presa fácil, mordeu a isca. Eles vão te trair. O STF é petista e não gosta de ti. Vai “julga-lo” pelo que insinuou contra o Presidente. O ensejo e cenário perfeitos para desarquivar velhas provas da Vaza-Jato guardadas à sete chaves para o tiro de misericórdia. Sobrevirão o descrédito dos apiadores e uma inevitável decepção popular. Você será visto como insano e suas competentes e inquestionáveis sentenças serão anuladas pelo Olimpo. Plano perfeito.
Usando a pergunta da moda: E daí?. E daí, bingo! Lula será inocentado em todas as suas condenações. Valeixo, PF, interferência, Ramagem, mosca azul, candidato do PSDB, Globo, JN, tudo conversa pra boi dormir. Lula sempre foi a missão. Ele continua sendo a esperança suprema da esquerda terminal e, se acontecer, chance de ouro que teremos para impor-lhe a maior vergonha de sua trajetória imunda. Essa pá de cal urge ser lançada sobre ele.
Talvez a história lhe renda alguma homenagem como fez com Roberto Jefferson, “O homem que livrou o Brasil de José Dirceu”. A sua poderá ser ainda mais gloriosa, algo como “O homem que derrotou Lula duas vezes”. Na segunda vez, por caminhos nada ortodoxos, “by the way”. Será que eu e os que comungam nessa tese estamos tendo um insight ou viajando na maionese?
Em tempo: Pelo discurso de posse do novo Ministro da Justiça, André Mendonça, profundo, técnico, abrangente e de uma informalidade emocionante, nasce uma estrela para brilhar naquela Casa em estranha escuridão. A luz fraca que emanava do ex-ocupante nunca foi a mesma que o levou pra lá.