O grito do Presidente no cercadinho do Alvorada deixou aquela “tchurma” assustada. Mesmo porque “quem tem aquilo, tem medo”.
“Acabou, porra!” é uma expressão definitiva. “É irretorquível e liquida o assunto. Liberta-nos, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em nossas vidas”. Atende plenamente as situações onde nosso ego exige não só a definição inquestionável de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, atitudes e imposições surreais passiveis de descarte sem prejuízo para a vida que segue.
Na boca do Presidente, o “Acabou, porra!”, como não podia deixar de ser, tomou contornos que merecem algumas divagações, conjecturas e reflexões filosóficas, ajudadas pelo tédio e ócio impostos por essa quarentena insana a que somos obrigados. Não sei você que me lê, mas a impressão que passa, e aqui me incluo, é que 2/3 da população entendeu, adorou e deu o maior apoio a esse arroubo de indignação de um homem achacado por todos os lados 24 horas por dia desde a campanha. Estamos carecas de saber que o cara não tem sangue de barata e nenhum compromisso com retóricas eruditas. Sempre soubemos disso e o elegemos mesmo assim.
O episódio das “Fake News” nas redes sociais, no meio da semana, deflagrada por decisão monocrática da egrégia Corte contra apoiadores do Presidente dos mais diversos ramos de atuação profissional, indo de políticos, jornalistas e blogueiros, passando por humoristas e empresários, pautou pelo constrangimento e incredulidade impostos aos alvos da operação e seus familiares atônitos como se fossem contraventores de alta periculosidade por criticarem o “Olimpo” e seus desmandos. Criticar os outros, pode? Foi a gota d’água para o “Acabou, porra!”
Fake News não está citada na Constituição como crime como está, por exemplo, o cerceamento da liberdade de expressão. Se alguém se sentir atingido por ameaça, injúria, calúnia ou difamação por postagem falsa nas redes de mídia está protegido por leis brasileiras prontas para serem usadas contra cada um desses crimes. Plataformas sociais não podem cercear o direito de livre expressão, ressalvando-se apenas às apologias nefastas ao terrorismo, suicídio e pedofilia. Devem se ater à publicação, mesmo porque não queremos saber a opinião da plataforma. O que queremos é a liberdade do post. A opinião é nossa, usuários. É flagrante no mundo todo, inclusive aqui, uma enorme tendência desses instrumentos midiáticos priorizarem ideologias de esquerda contra postagens conservadoras mais à direita no universo político-partidário. É a isso que se opõem Trump e Bolsonaro, defensores contumazes da liberdade.
Foram tantas atitudes controversas do Supremo ultimamente, pontificados por Caio Coppolla como verdadeiro “atropelo de normas constitucionais, violação de direitos fundamentais além de uma interferência flagrante e indevida de um Poder em relação a outro”. Somos provas vivas da paciência e tolerância do Executivo até agora, a bem das relações institucionais, com esses possíveis desmandos do STF tidos como absurdos pela crítica jurídica especializada.
E quando o saco do cara explode, aparecem Nhonho, Batoré, Ciro, Kataguiri, Joice e outras pérolas da política brasileira, naquela pose e tom republicanos, para condenar a “fúria” presidencial como algo completamente execrável para a liturgia exigida pelo cargo. Reinaldo Azevedo deixou uma pergunta no ar, no seu programa da Band, sobre “que exemplo esse Presidente vai deixar à juventude com um palavriado desse calão?” Permitam-me responder a esse idiota. Vai deixar o exemplo de um presidente que não roubou e não deixou roubar.
Escrevam na pedra. Tudo isso é uma cortina de fumaça para uma última cartada na tentativa do impedimento da dupla Bolsonaro-Mourão sobre disparos de Fake News durante a campanha presidencial que ainda tramita no STF, apesar de arquivado no TSE. Ficou provado que o ilícito foi utilizado pelos oponentes mas nada modifica a ideia fixa de se retirar o homem daquela cadeira.
O “Acabou, porra!” de Bolsonaro foi uma retórica de impaciência e indignação. Um recado para se abrandar atitudes monocráticas e intempestivas oriundas do Legislativo e Judiciário. Este homem é um patriota que jamais deixaria de cumprir qualquer ordem judicial por mais injusta que possa parecer mesmo ofendendo o senso de justiça de toda uma nação. O seu norte moral o tem feito assimilar essas injustiças em nome da ordem e da democracia até porque existem outras formas de combater esses desatinos sem precisar incorrer em desobediência civil e institucional. A CPI da Lava-Toga seria um bom começo. Mas é sempre bom lembrar que paciência tem limite e que o povo está com ele.