– Alô, Tarzan, bom dia. To fazendo um laboratório pra minha crônica da semana e preciso da sua ajudinha. É possível?
– Acho até que já sei do que se trata! É sobre aqueles aventureiros da Amazônia, né? Esses caras piraram o cabeção, só pode! Eu que, desde fedelho, fui criado por macacos na selva africana não teria tido essa coragem. Mesmo porque a minha selva é uma horta de alfaces em comparação à colossal imensidão da Amazônia.
– Pois é, cara! E não é que os caras foram assassinados?
– Você queria o que? Amadores, entram num lugar desconhecido, inóspito, na fronteira com o Peru, uma das áreas mais perigosas da Terra, povoado por traficantes da pior qualidade e a quem já tinham denunciado. Só louco, doutor! Pra piorar, não pediram autorização e adentraram sem dó nem piedade. Eu coloquei aqui no viva-voz e o Véio do Rio, aquele do Pantanal, e o Jim das Selvas tão ouvindo nosso papo e concordando comigo. E olha que o Véio conhece a região melhor do que eu. Quem sabe você liga pro Poirot? O cara é detetive e pode te ajudar no seu laboratório
– Alô, Dr. Leão! É o Hercule Poirot. Tarzan falou que você ligaria e já me adiantou tudo. To aqui com D. Agatha quebrando a cabeça pra te ajudar e concordamos com o pensamento do Luciano Trigo. Estamos achando que o suposto crime é coisa de narcotraficante conhecido naquela região. Esquece garimpeiro, madeireiro, desmatadores, polícia. Não foram eles. O Casagrande já tá botando a culpa no “homem” e dizendo que o crime tá parecido com o da Marielle. Sugiro até um título pra sua crônica: “As Marielles da Amazônia”.
Watson, assistente emprestado aqui comigo, pondera que é mais difícil desvendar e entender o grau de sordidez e a exploração política dessas mortes por parte da esquerda brasileira do que elucidar esse crime. Todo mundo tentando jogar no colo do PR a responsabilidade pela asneira cometida pela dupla. E a indignação dos canhotos? Protestam, esperneiam, vertem lágrimas num verdadeiro teatro da militância do ódio. Tudo hipocrisia seletiva. Só protestam contra mortes que podem ser capitalizadas.
Falei pra ele aqui agora: “Elementar, meu caro Watson!” Foram mais de 400 pessoas desaparecidas nos governos PT e ninguém falou nada. Dona Dorothy, lembra? 73 anos, tadinha, foi morta com 6 pipocos à queima-roupa e nada! E o governo inglês questionando o quê? O doidinho resolve entrar na floresta sozinho sem comunicar às autoridades e a culpa é do PR? Calma aí, Boris! E o Jean Charles, 27 aninhos, trabalhador, pagador de impostos pra dona Elizabeth, tomou um tiro na cabeça da sua Scotland Yard, porque foi confundido com um terrorista árabe. E nada!
O que eu não sabia, Dr.Leão, é que existia um Departamento de Inteligência naquela Casa Suprema. Os caras criaram um grupo de trabalho para, pasmem, supervisionar e auxiliar a busca aos desaparecidos. O ator e “Marechal” Wagner Moura, o premiado fotógrafo e “General” Sebastião Salgado e a antropóloga e “Brigadeira-Do-Ar” Manuela Cunha formam a mais extraordinária força-tarefa da humanidade e, certamente, desvendarão o mistério acalmando os corações de Mácron, Greta, Soros, Di Caprio e outros mimizentos iguais.
De tudo, o que mais impressionou e chateou a minha chefa, Agatha Christie, foi o Dr. Pacheco ter considerado o acontecido como “Ofensa gravíssima ao Estado” e criar uma Comissão Externa de Auxílio às Investigações.
Aqui pra nós, doutor, acho que ela ficou com ciúmes de não ter sido convidada para escrever a peça.